Quem é John Carpenter?
- por Bernardo Brum
Nova-Iorquino nascido em 16 de janeiro de 1948, John Carpenter foi diplomado pela USC no início da década de setenta, após passar a década anterior envolto em pequenas produções pouco rentáveis e pouco divulgadas enquanto cursava. Em 1974, junto com o parceiro Dan O’ Bannon (que viria a ser conhecido como o roteirista de Alien – Oitavo Passageiro e o diretor de A Volta dos Mortos Vivos) expandiu um projeto com a duração de um média metragem para um longa, que recebeu o nome de Dark Star, uma comédia de ficção científica vagamente inspirada no clássico 2001: Uma Odisséia no Espaço. Chamado por um crítico de “o último grande filme hippie” e definido pelo diretor como “Esperando Godot no espaço”, o filme infelizmente acabou tendo sua divulgação prejudicada pelas distribuidoras, o que relegou o filme a uma fama cult.
Porém, isso não foi motivo para parar o diretor, que logo conquistou reputação e recepção positiva da crítica com o filme de ação Assalto à 13ª DP e o telefilme Alguém Me Vigia, o segundo marcado pelo início da colaboração entre a atriz Adrianne Barbeau e o diretor, que foram casados entre 1979 e 1984. Desde esse momento, ele já delineava seu estilo: fotografia e iluminação minimalistas, ângulos de câmera criativos e uma forte inspiração no cinema de Howard Hawks, especialmente do filme Onde Começa o Inferno, e de Alfred Hitchcock, o que lhe valeu um grande talento na construção de cenas de tensão e suspense em ambientes internos e claustrofóbicos. A proposta do diretor alcança o seu auge na obra-prima independente Halloween, responsável por, de uma tacada só, criar o subgênero slasher, causar um estrondo sucesso de bilheteria e crítica, tornar clássico o psicopata Michael Myers e lançar para o estrelato uma então desconhecida Jamie Lee Curtis. Outra marca registrada é que Carpenter, também sendo músico, compôs a trilha sonora de muitos dos seus filmes – e a de Halloween ficou eternizada no imaginário coletivo.
Após esse filme, lançou clássico atrás de clássico (sem contar a produção para a TV Elvis), com orçamentos cada vez mais consideráveis. Desse período vieram o filme de fantasmas A Bruma Assassina, a ação pós-apocalíptica Fuga de Nova York (que consagrou o ator Kurt Russell no papel de Snake Plissken), uma adaptação do famoso escritor Stephen King, Christine – O Carro Assassino, e a sangrenta e sinistra ficção científica O Enigma de Outro Mundo, refilmagem de O Monstro do Ártico, filme de 1951 produzido por seu “mestre” Howard Hawks, entre outras produções, como Starman.
Porém, Carpenter se desligou dos grandes estúdios ao fracassar retumbantemente na bilheteria com Os Aventureiros do Bairro Proibido, em 1986. Daí em diante, assina com a Alive, uma produtora menor, mas que oferecia total liberdade criativa ao diretor. Dessa segunda metade dos anos oitenta vem alguns dos seus filmes mais inspirados, como O Príncipe das Sombras e a mistura de ação, ficção científica e conspiração governamental em Eles Vivem.
No começo dos anos noventa, lança Memórias de um Homem Invisível, misturando comédia, romance, política e ficção científica. Após os bons Cidade dos Amaldiçoados e À Beira da Loucura, sua carreira entra em declínio com filmes não tão inspirados e/ou reconhecidos feito os de outrora, sendo estes Fuga de Los Angeles (onde Russell voltaria como Snake) e Vampiros de John Carpenter.
A ficção científica Fantasmas de Marte, de 2001, marca sua última produção para o cinema até então. Alguns anos mais tarde, finalmente tendo o prestígio que lhe é dado, é convidado a participar da série televisiva Masters Of Horror, junto a outros luminares do gênero como Tobe Hooper, Dario Argento e John Landis. Dirige dois episódios de aproximadamente uma hora cada: Pesadelo Mortal e Pro-Life. O primeiro foi tão bem aceito e elogiado que acabou ganhando uma edição em DVD à parte da série.
Por dedicar décadas inteiras a reconstruir e revitalizar com mãos de artesão e uma autoralidade única gêneros como ação, terror e ficção científica, sempre se utilizando de um refinamento visual impressionante mesclados à narrativas que conseguem fundir inteligência, carisma, rebuscamento, popularidade e personalidade, ainda que muitas vezes fosse injustamente relegado à diretor de cinema B ou “trash”, John Carpenter parecia ser a escolha ideal para o primeiro especial do blog, por sempre se manter como um dos últimos diretores americanos a ainda insistir em propostas mais clássicas e “de gênero”, mas sempre se utilizando de suas influências e de sua estética pessoal de forma absolutamente contemporânea e moderna. Carpenter pode até não figurar como diretor “revolucionário” ou “polêmico”, mas com certeza merece ter todo o reconhecimento que tem (e até mais) por ser um dos mais completos cineastas ainda em atividade.
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Sem mais delongas, segue abaixo o cronograma do Especial, com o calendário direitinho dos textos que serão publicados. Lembrando que haverão também screenshots surpresas de alguns desses filmes que, por serem surpresas, não estão listados aí (du-h).
- Cronograma Especial John Carpenter -
Dia 1: Especial Carpenter, por Equipe + O Enigma do Outro Mundo, por Bernardo Brum
Dia 2: Starman, por Luiz Carlos Freitas +Pesadelo Mortal e Pro Life, episódios de Masters of Horror, por Bernardo Brum
Dia 3: Christine – O Carro Assassino, por Lucas Duarte + Cidade dos Amaldiçoados, por Cauli Fernandes
Dia 4: O Príncipe das Sombras, por Luiz Carlos Freitas + Eles Vivem, por Guilherme Bakunin
Dia 5: Memórias de um Homem Invisível, por Bernardo Brum + Fuga de Nova York, por Lucas Duarte
Dia 6: A Bruma Assassina, por Cauli + Vampiros, por Luiz Carlos Freitas
Dia 7: Alguém Me Vigia, por Guilherme Bakunin + Fuga de Los Angeles, por Guilherme Bakunin
Dia 8: Dark Star, por Bernardo Brum + Os Aventureiros do Bairro Proibido, por Luiz Carlos Freitas
Dia 9: À Beira da Loucura, por Guilherme Bakunin + Fantasmas de Marte, por Lucas Duarte
Dia 10: Halloween – A Noite do Terror, por Bernardo Brum + TOP 5 Carpenter, por Equipe
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