(Aruitemo Aruitemo)
Fic borboleta. Em seu filme mais ozuano, Hirokazu Kore-eda trata das correntes subterrâneas de sentimentos numa família. Recorre a enquadramentos, tempos e montagem muito semelhantes aos de Ozu. Mas agrega um elemento tipicamente seu: o lugar que os mortos ocupam entre os vivos. A morte do filho preferido, enquanto salvava outra vida, lança uma sombra perene sobre os pais e irmãos. Durante um dos encontros anuais da família, segredos e crueldades vêm à tona. Tudo sem estardalhaço. Kore-eda é capaz de mostrar o fim do mundo com a calma e a sutileza de um voo de borboleta. Sua maneira de desdobrar o tema vale como uma crônica de hábitos, preconceitos e superstições profundamente japonesas. E há ainda o comentário sobre as sucessivas gerações, desenhando a vida como um ciclo. O roteiro é marcadamente lento no lançamento da trama e prorroga além da conta a expectativa do final, mas nada disso compromete o encanto da rotina de que falava Ozu. ♦♦♦
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