Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes, o filme português que encantou a crítica, é um filme difícil… diferente.
Há muitas formas de se abordar um possível conteúdo de review pra esse filme e eu não sei exatamente qual escolher, porque acho importante não revelar muito. Eu fui assisti-lo sem saber muito sobre a história e não me arrependo disso por nem um segundo.
Basicamente, o enredo é centrado em três personagens: Domingos; sua filha, Tânia; e o primo dela, Hélder. Pai e filha compõem uma banda (dá pra dizer que de fados? não conheço tanto assim a cultura portuguesa…), que percorre Portugal vilarejos afora. Eles têm, eventualmente, a companhia do primo Hélder, que enquanto aguarda a oportunidade de se mudar para a França, absorve as experiências que o “bico” na banda proporciona. A proximidade faz com que o rapaz preste mais atenção nessa relação muito especial que pai e filha compartilham.
Acho que isso é o suficiente pra despertar a curiosidade. O resto, tem que conferir. E o “Quem Tem Medo…” recomenda. Vale a pena. Mas, alerta, mais uma vez, para a dificuldade em acompanhar a produção, especialmente na primeira uma hora, uma hora e pouco de filme.
Destaco isso, até, porque, dá pra notar, a partir dessa primeira porção (que é praticamente a metade) do filme… as coisas não são exatamene como parecem.
Essa discussão eu “esboço abrir” porque acho que o mérito maior do filme não é necessariamente a inovação, seu estilo arrojado, mas o fato de que ele, grande parte do tempo, brinca com isso.
O filme dialoga consigo e, nesse processo, ele é extremamente irônico e bem-humorado. Dá pra dizer que é um filme dentro de um filme… ou melhor fosse dizer um filme fora de um filme? Ou, ainda, melhor fosse dizer que é mais de um filme, como se fosse dois. Uma espécie de farsa em nome da arte. Engraçado que nessa farsa é quando ele é mais real.
E falando desse filme, escrevendo sobre ele, não consegui deixar de pensar no que, pra mim, significa fazer parte dessa farsa, dessa outra farsa, que é esse espaço.
Farsa, que eu digo, é no bom sentido. É no sentido de trama, de enredo. E, no sentido, especialmente, de encantamento.
Já mencionei, acredito, que esse blog é, pra mim, como um universo paralelo. Aqui, é possível projetar tudo que eu penso ser fantástico… fantasmático… fantasioso… farsante. São vários micro-discursos em que eu genuinamente acredito, embora eles não sejam absolutamente verdadeiros. Somente pra mim é que são!
E com isso, eu relaciono a discussão sobre “…Agosto”. É tudo verdade? Nem tudo é verdade? No coração, sim, é verdade. Mas o lugar onde há mais fingimento, é nesse que há mais verdade.
“… E os que lêem o que escreve,/ Na dor lida sentem bem,/ Não as duas que ele teve,/ Mas só as que eles não têm…” (Autor conhecido)
Trilha sonora: “The Gypsy”, The Ink Spots
In a quaint caravan
There’s a lady they call The Gypsy
She can look in the future
And drive away all your fears
Everything will come right
If you only believe The Gypsy
She could tell at a glance
That my heart was so full of tears
She looked at my hand and told me
My lover was always true
And yet in my heart I knew, dear
Somebody else was kissing you
But I’ll go there again
‘Cause I want to believe The Gypsy
That my lover is true
And will come back to me some day
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