A fundação sobre a qual todas as comédias românticas se ancoram é o clássico “boy meets girl” – o “menino conhece menina”. Esse é sempre o ponto de partida dessas histórias no cinema, que inevitavelmente passam pelo estágio do desentendimento do casal e derivam para 1) ou os protagonistas ficarão juntos; ou 2) seguirão caminhos distintos.
500 Dias com Ela ((500) Days of Summer) é em essência um “boy meets girl”. No entanto, junta-se ao seletíssimo grupo de filmes que conseguem subverter as regras do gênero, dando ao público uma experiência nova – ainda que parcialmente conhecida.
Na história, que abrange os quinhentos dias do título, Joseph Gordon-Levitt vive Tom, um criador de cartões comemorativos, em busca do amor de sua vida. No escritório ele conhece a bela Summer (daí o nome original intraduzível do filme, (500) Dias de Summer ou “Verão”), interpretada pela überadorável Zooey Deschanel. Os dois desenvolvem um relação, mas há um problema: ela não acredita no amor.
Diretor estreante em longas, Marc Webb usa sua experiência em contar histórias curtas em videoclipes – ele já dirigiu uma centena deles – para imprimir um ritmo todo particular à produção. Ele pega os dezesseis meses da história de Tom e Summer e os recorta, apresentando-os de maneira não linear. Momentos bons, ruins e comuns alternam-se agrupados por eventos, mostrados pela perspectiva de Tom.
Webb também referencia seu passado criativo na inspirada trilha sonora e em uma cena musical que representa o que Tom está sentindo depois de sua primeira noite de amor com Summer. Dança, música e até animações se misturam para traduzir o íntimo dele. Outro tributo interessante é o prestado a Noivo Nervoso, Noiva Neurótica (Annie Hall). No clássico de Woody Allen, legendas revelam o que os protagonistas realmente querem dizer. Aqui, a tela dividida separa “Realidade” e “Expectativa”.
Mais do que uma maneira divertida, criativa e inteligente de contar uma história que de outra forma pareceria convencional, 500 Dias Com Ela tem uma visão absolutamente honesta, ainda que um tanto tragicômica, do amor. Algo que a frase inicial do filme já escancara: “O filme a seguir é uma história de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Especialmente você Jenny Beckman. Vaca”. Sensibilidade romântica mais contemporânea, impossível.
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