Saturday, September 26, 2009

Ninguém sabe o duro que dei

O que toca no meu WMP: Coqueiro Verde – Trio Mocotó

Um dia eu estava arrumando meu quarto quando uma música do Simonal tocou no meu micro. Era País Tropical, a melhor versão já gravada na minha opinião. E olha que sou chato pra caramba com música e gosto pra valer do Jorge Ben. Me surgiu a curiosidade de pesquisar sobre Simonal e me deparei com muita coisa, inclusive um texto muito do Mário Prata sobre ele.

Simonal era um negro alto com um vozeirão, apresentava um programa nas tardes de sábado, o show em Si…monal (quando passava coisa que prestava nas tardes de sábado. Domingo eu nem vou comentar…) e era um promissor artista da nossa MPB. Ele, junto com Carlos Imperial, criou o estilo musical chamado pilantragem, uma mistura de rock e soul dos EUA com samba, muito parecido com o nosso samba rock atual. Tem um vídeo no youtube em que ele põe a platéia pra cantar Meu limão, meu limoeiro. A letra não é lá grandes coisas, mas a melodia da música e o carisma desse cara  fazem qualquer um acompanhar a música.

Mas o que quase ninguém sabe é que Simonal foi um cara injustiçado pela ditadura. Um contador seu deu um prejuízo enorme  e Simonal mandou dar uma surra no cara. E quem deu a surra foram dois policiais que pegavam um bico pra ganhar uma grana a mais. Claro que não justifica a atitude de Simonal, mas ele deu o azar dos policiais trabalharem na época para o famigerado DOPS. A equação formulada sem muita dificuldade:

artista negro+policiais do DOPS+contador safado=fudeu, Simonal…

A mulher do contador espalhou que Simonal era informante do DOPS e a casa caiu. Sua carreira que era meteórica e estava no auge, foi caindo até que ele  caiu no esquecimento e como dizem os antigos, morreu de desgosto. Segundo sua mulher, ele mesmo afirmou mais tarde Eu não existo na história da música brasileira.

O casseta Claudio Manoel fez um documentário sobre a vida de Simonal, Ninguém sabe o duro que dei. Nesse documentário, que eu ainda não assisti por falta de tempo, muitos artistas contam que a acusação feita a Simonal não procedia. Foi  mais bode expiatório da ditadura. Verdade? Não sei, não era nascido na época. Mas há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia…

Wilson Simonal, alt 33 cinco vezes.



No comments:

Post a Comment