Por Marina Novaes
Quem ganhou o troféu Bandeira Paulista, na categoria ficção, da 33ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, foi o filme “Voluntária Sexual” , do diretor coreano Cho Kyeong-duk. Ele aborda o tema de mulheres que se voluntariam para fazer relações sexuais com deficientes físicos.
Mas houve várias críticas em relação à estrutura do filme, que trabalha com a metalinguagem. Uma reportagem é realizada em torno de uma estudante de cinema, um padre e um deficiente físico encontrados em um motel por policiais e que são presos sob a acusação de prostituição. Isso passa a idéia de um documentário que foge da ficção.
Ao ler a sinopse o público vai ao cinema com certa curiosidade em saber como irão ser mostradas as cenas de sexo entre um deficiente físico e uma “voluntária”. Porém, o filme foca em vídeos que contém gravações do estudo da menina sobre o deficiente e outros aspectos da prostituição, transpassando uma visão humanitária daquela ação, além de depoimentos de sua mãe e de seu namorado. O diretor opta por filmar a relação sexual de maneira sutil, focando em pés tortos e no rosto, o que decepcionou alguns espectadores.
O júri para conceder o Troféu Bandeira Paulista é composto pela diretora brasileira Suzana Amaral, o diretor chileno radicado na Itália, Marco Bechis, o crítico francês Jean-Michel Frodon, o cineasta turco Ali Özgenturk e o diretor sérvio Goran Paskaljevic. Para fazer a seleção, eles assistem cerca de 15 filmes selecionados entre os mais bem votados pelo público na primeira semana.
A maioria do público e dos jurados não teve preconceitos em relação ao nome do filme e ao tema abordado. Mas alguns acreditam que o longa expôs muito os deficientes físicos ao centrar em imagens que mostram suas dificuldades em falar, andar e deitar e por outro lado demonstrou a menina lidando com aquela situação de “voluntariedade” de maneira normal, como se os deficientes não tivessem nenhum problema. Falar de questões reais se valendo da ficção não é para qualquer um.
No comments:
Post a Comment